Já passei por diversos blogs de mamães e um assunto que sempre está em pauta é a AMAMENTAÇÃO. Gente que queria amamentar mas não amamentou, gente que conciliou leite artificial e natural, gente que teve bebê que não sabia sugar, gente que tinha pouco leite, gente que tinha muito leite.
Enfim, diversas situações que deixam as mamães extremamente cansadas, cheias de dúvidas, com sentimento de culpa, principalmente se formos as famosas de primeira viagem! E o que me inquieta é que por mais que façamos tudo direitinho, as vezes não dá certo.
Vou contar aqui para vocês como foi para mim a Amamentação da Ana Letícia.
Durante a gravidez inteirinha, eu apertava meu seio e não saia nem sequer uma gotinha de leite. Achava que eu seria uma daquelas mães que não iam produzir leite suficiente para o bebê, até porque minhas irmãs já haviam parido e não amamentaram porque não tinham leite (para os médicos isso não existe).
Pois bem, que nas primeiras horas de vida de Ana Letícia, enquanto minhas pernas ainda se encontravam sob o efeito da anestesia, levaram a minha cria para o quarto e lá uma enfermeira muito delicada a colocou junto ao meu seio para mamar. E a bezerrinha simplesmente abocanhou todo o mamilo e começou a sugar, instintivamente, e como milagre, meu seio começou a produzir e expelir o colostro.
E assim se passou um dia inteirinho: a cada meia hora minha bezerra queria mamar, e nesse incentivo todo, meu corpo começou a entender a mensagem e passou a produzir leite de verdade.
Esse processo de descida do leite chama-se Apojadura, e pode vir acompanhado de alguns sintomas desagradáveis, tais como: febre, mal estar, dor de cabeça, formigamento nos seios, etc. Eu tive todos eles. E a cada mamada, meus seios enchiam mais, no início pingava, depois jorrava. Eu parecia uma verdadeira vaca sendo ordenhada.
Só que do nada, mas do nada mesmo, meus mamilos racharam. Na primeira visita a pediatra, reclamei com ela do mamilo ferido e a mesma atribuiu as rachaduras à má posição que eu colocava a pequena para mamar. Acontece que eu já havia lido bastante sobre o método correto de fazer a criança abocanhar os mamilos, e minha filha e eu estávamos fazendo tudo bem certinho. A médica ainda me pediu para demonstrar como eu colocava ela para mamar. Demonstrei, e ela ficou de cara no chão. Apenas disse: é , você está fazendo tudo certinho. E a conversa parou aí, ela apenas me recomendou que ao final de cada mamada, passasse o próprio leite nos mamilos e deixasse secar.
Voltei para casa, segui as recomendações, mas a cada dia as feridas continuavam iguais. Em alguns momentos do dia, por não suportar a dor, solicitava de minha mãe que fizesse o Nam 1 para ela. Só que a danadinha bebia todo o leite da mamadeirinha e não se conformava. Chorava igual bezerra no desmame, e só se acalmava quando eu a colocava no seio. Para mim, aquilo era um dos maiores sacrifícios que eu estava fazendo na vida, pois a coisa doía mesmo! Para tomar coragem, eu mordia uma fralda, fechava os olhos e quando ela abria a boca, minha mãe a colocava no seio, que ardiam, ardiam e ardiam.
Numa das consultas com minha GO, Dtra Alba, a mesma me indicou uma pomadinha importada chamada Lansinoh®, que custa os olhos da cara! E eu comprei, mas não resolveu nada!
Ana Letícia gostava de mamar, e não queria aceitar o leite artificial de jeito nenhum. Os dias foram passando, e comecei a sentir um carocinho no seio direito. Parecia que o leite estava empedrando. Fui em busca de mil orientações de pediatras, ginecologistas, banco de leite ( aqui em Salvador tem um na maternidade da UFBa), pessoas mais velhas.
Os mais velhos mandavam eu passar o pente, os pediatras mandavam eu passar leite e tomar sol no seio, a ginecologista receitava pomadinhas como a citada acima, o banco de leite me ordenhava e dizia que o empedramento ia dissolver.Qual o que!
O resultado de toda essa odisséia é que um dia, acordo com os seios extremamente inchados, vermelhos, queimando feito fogo , endurecidos e com aquele carocinho mais proeminente ainda. Tive febre, dor de cabeça, sensação de desmaio. Queria ter o poder de tirar os seios do corpo e jogar fora. Tudo doía, até uma gota d’agua ou o vento que passasse.
No desespero, liguei para uma clínica a procura de um mastologista. Felizmente tinha vaga para o mesmo dia. Chegando lá, fui examinada com muito sacrifício, pois eu não queria nem que o médico tocasse em meus seios. Constatou-se um abscesso no seio direito, e a recomendação médica foi tomar Tylenol para dor, e Cefalexina de 8 em 8 horas, por 10 dias.
Dez dias se passaram, e o caroço permaneceu igual. Na revisão com o mastologista, ele disse que desconfiava que não ia dissolver, mas que o antibiótico era necessário para estacionar a infecção, e que qualquer outro procedimento só poderia ser feito depois desta profilaxia.
Calmamente e pacientemente, comunicou a mim, a meu marido e minha irmã que eu precisaria fazer uma cirurgia urgente para drenagem do abscesso. Chorei feito criança. Muito, muito e muito. Afinal, há apenas um mês eu tinha me submetido a cesariana e agora precisava de novo ir para uma sala de cirurgia.
Mas era necessário, e assim fui. Graças a Deus a cirurgia não deixou seqüelas. Apenas uma pequena cicatriz quase imperceptível.
Minha pequena continuou a mamar incessantemente! Mamou exclusivamente no seio até os cinco meses, quando voltei a trabalhar.
Confesso que durante toda esta crise, minha razão me pedia para não mais amamentar Só que ela tinha a mania de cheirar o bico do seio e se derreter num sorriso absurdamente lindo quando sentia o meu cheiro.
E FOI POR ISSO QUE AMAMENTEI!!!!!!!!!
2 comentários:
É Mari, você é conhecedora da minha história que não é tão feliz neste quesito. Mas agradeço a Deus todos os dias por ter um filho lindo e saudável, mesmo não tendo amamentado. Não conhecia a totalidade da sua odisséia.Menina, que sofrimento!!! Mas no final,tudo deu certo e isso é o que mais importa. Beijocas!!!
Marina querida! Como vc deixou, vou postar teu relato de amamentação la no meu blog essa semana, ok?um bjão e muito obrigada!
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